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segunda-feira, 23 de março de 2015

As estações da Via-Sacra (Dom Marcos Barbosa)


Dom Marcos Barbosa, OSB
Caro(a) Internauta, ofereço-lhe, neste tempo da Quaresma, esta estupenda Via-Sacra em sonetos, de autoria do ilustre monge beneditino do Mosteiro do Rio de Janeiro, Dom Marcos Barbosa. Os sonetos foram tirados do livro Poemas do Reino de Deus, Livraria José Olympio Editora, 1980. O livro todo é muito belo e vale a pena ser lido. Coloquei algumas notas para ajudar na compreensão dos sonetos.


I. Jesus é condenado à morte
De pé. Eis o juiz. Qual o teu crime?
Tu te pretendes Rei, tu mesmo o dizes.
E o diz esta coroa que te cinge,
e o farrapo vermelho, e esse caniço...
Vai dizê-lo o cartaz da tua cruz:
“Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”.
Teu povo não o quer; só quer teu sangue.
Mas Deus já o escreveu, como Pilatos.
Anatole[1] garante: muito em breve
Este Procurador vai esquecer-te:
“Jesus de Nazaré?... Não me recordo...”
Prócula[2] esquecerá o aflito sonho.
Mas ficarás eterno, espinho ou favo,
no coração dos homens e do mundo.
II.Jesus com a cruz às costas
Agora toma a cruz. Abraça e beija
a doce companheira que escolheste;
filho do Carpinteiro, bem conheces
o peso, o cheiro, a forma, a cor dos troncos...
Deita-te sobre a esposa, pobre noivo;
desposa eternamente a sua forma:
só de braços abertos é que os homens
irão reconhecer-te pelos séculos.
Mas, antes de esposá-la, põe-na ao ombro
com precauções de médico e de amigo:
eis que encontraste a ovelha desgarrada.
Que somos Madalena, e eu, e Dimas,
e todos que consentem que os levante
teus braços por um pouco ainda libertos...
III. Jesus cai pela primeira vez
São quatorze estações e faltam doze,
como os Doze te faltam neste instante;
fugiram todos, só deixando um rastro:
o beijo que se alastra no teu rosto...
Uma estação a mais se cumpre agora,
a da primeira queda: eis-te no chão,
joelho machucado, mãos feridas,
como outrora voltavas do brinquedo...
É somente a primeira, e já quiseras
não mais te levantar. Mas é preciso:
quem jamais te faltou vem procurar-te[3].
É preciso que vejas no seu rosto
teu rosto refletido, e então verás
o quanto ela te ama, e o que fizemos...
IV. Jesus encontra-se com sua Mãe
Vinte anos depois saiu de novo
buscando-te nas praças e nas ruas:
“Vistes, acaso, ó guardas da cidade,
o menino Jesus já homem feito?
Ele anuncia a Boa-Nova aos pobres,
Dá vista ao cego e os mortos ressuscita...”
E os guardas da cidade se afastando,
deixam-lhe ver aquele que conduzem.
“Eis o homem das dores, o menino,
o Deus que trouxe outrora no meu seio.
Como ele à cruz, abraço a minha espada!
Ó todos que passais, parai e vede
se há dor igual à minha... Só a dele,
que se reflete em mim, partido espelho...”
V. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz
Quiseste precisar da criatura,
tu, que a tudo criaste num aceno:
à mais pura mulher pediste um corpo,
à mais doce das mães, o casto leite.
Pedes agora força a um pobre homem:
e este Simão que volta do trabalho,
ansioso pela sopa e pela cama,
te ajuda a carregar a dura cruz.
Complete o pecador em sua carne
o que falta à paixão do Salvador,
que apenas para isso quis poupar-se...
E até hoje nos diz, e não ouvimos:
“Pára um instante, ajuda o teu irmão
a transportar um pouco o seu destino!”
VI. Verônica enxuga o rosto de Jesus
Ela chegou depressa, essa mulher...
E, antes que os soldados compreendessem
qual o intento visado por seu gesto,
abriu diante de ti um lenço branco.
Ó tela para um quadro nunca visto,
ó gaze para o rosto todo em chagas,
toalha a recolher cada migalha,
ó véu de noiva posto sobre o esposo!
E agora eis teu rosto eternamente,
multiplicado e exposto a cada canto,
fitando ternamente a nossa face.
Para esquecer-me, então, fecho os meus olhos,
talvez como Caim, E eis que na treva
desenha-se o teu rosto e o meu remorso...
VII. Jesus cai pela segunda vez
Mais uma vez caíste, e era preciso:
a queda é nosso pão de cada dia;
tu desposas assim nossa fraqueza,
ungindo-a com teu óleo e tua força.
Mais uma vez caíste e te levantas,
pois vieste viver nossa aventura,
conhecer inocente cada chaga
que o pecado abre em nós, quando tombamos...
É o meio do caminho e da jornada,
quando nos vem mais forte a tentação
de mudar de repente o itinerário...
Levanta e toma a cruz que desposaste,
não olhes como nós para Sodoma,
são quatorze estações e faltam sete!
VIII. Jesus consola as filhas de Jerusalém
“Ah, não choreis por mim, chorai por vós,
pelos filhos que vão e não mais voltam,
pelos que ceifa a guerra e os que no vício
sepultam corpo e alma, amor e sexo.
Ah, não choreis por mim nem por aquela
que caminha convosco, atravessada
por mil punhais lançados pelos homens,
saltimbancos de um circo sem piedade.
Ah, não choreis por ela; eu voltarei:
hei de enxugar-lhe eu próprio as suas lágrimas,
hei de fechar-lhe as chagas com meus beijos.
Farei dos seus punhais um resplendor
para cingir o seio da que soube
dar à luz duas vezes o seu Filho...”
IX. Jesus cai pela terceira vez
Ó pássaro atingido em pleno vôo,
ó estrela ao cair riscando a noite,
ó soldado tombado na trincheira,
atleta atravessado pelo dardo!
Onde o ancião tomando-te nos braços?
A Virgem que te deu por trono o seio?
Os reis com seu incenso e sua mirra?
O burrinho que há dias te levava?
Tomba o cedro ao machado, e ergue-se a casa.
Tomba o suor, e o solo é fecundado.
Tomba o pranto da face, e então sorrimos.
Tomba o trigo no chão, e brota a espiga.
Tomba o sol no poente, mas ressurge.
Terceira e última vez o Cristo tomba...
X. Jesus é despojado de suas vestes
Já foi o novo Adão arrebatado
do jardim que escolhera: o da Agonia.
Exponhamos também sua nudez
aos olhos das mulheres e dos anjos!
Tiremos dele a túnica inconsútil,
inteira como a Virgem que a teceu,
e o manto que abrigava as criancinhas,
agora em quatro partes dividido.
Despojemo-lo ainda de outra veste,
dessa veste que é nossa e nos roubou,
e que vestiu por nós: a humanidade.
Veste os lírios do campo, e nós no entanto
Vamos despi-lo até da nossa carne,
Que recebeu no seio de Maria...
XI. Jesus é pregado na cruz
O amor que move o sol e cada estrela
moveu-te a abrir os braços como um astro,
para brilhar eterno na montanha,
unindo norte e sul, nascente e ocaso.
Só o amor te moveu, e logo os homens
hão fixado do amor o gesto aberto:
preso estás nesta cruz, ó pobre escravo,
já não podes fechar esta braçada!
Mas pregamos-te agora, ainda hoje,
pois movemos os braços dos que outrora
ergueram contra os teus martelo e cravo[4].
Sim, pregados estão, e só te restam
a boca que se move e que perdoa,
a cabeça que pende para olhar-me...
XII. Jesus morre na cruz
Jesus morre na cruz, rosa-dos-ventos.
Ao norte está seu Pai, que esconde a face;
Ao oriente, a Mãe que desfalece;
Ao sul, a soldadesca que blasfema;
Mas ao poente, o ladrão que se converte.
Que vê um Deus no homem feito verme,
E ouve dos seus lábios a promessa:
“Hoje mesmo estarás em minha casa,
hás de comer comigo à minha mesa,
hei de beijar-te os pés, as mãos, a face...
Ó ovelha encontrada à última hora,
ó espiga colhida ao sol poente,
ó Igreja nascida do meu lado!
XIII. Jesus é descido da cruz
O que arremessa espadas, ó Maria,
todas sete acertou em pleno alvo:
teu alvo coração imaculado;
pálido lírio erguido ao pé da cruz.
“Mãe, eis o teu filho..” ele dissera
e te entregou João e a humanidade;
recebe agora o corpo que é descido,
enquanto as almas sobem para a glória.
Eis-te sentada, enfim, tu que estiveste
de pé o tempo todo. Mas não penses
que é chegado o momento do repouso.
Abraça, mãe dos Gracos[5], tuas jóias:
Neste filho Jesus, teus filhos todos,
Esses rubis de sangue em teu regaço...
XIV. Jesus é colocado no sepulcro
Sepultaram-no às pressas. Vinha o Sábado,
o dia do repouso em Deus vira
Como era bela e boa a criação.
Sepultaram-no às pressas. Vinha o Sábado.
Repousa agora o Filho e vê também
como foi bela e boa a sua obra,
de renovar o mundo que morrera,
de abrir com sua cruz o Paraíso.
Está lacrado o túmulo de pedra.
Os soldados o guardam, mas o anjo
já vai soar a tuba da vitória.
E, no Primeiro Dia da semana,
Explode de repente a sepultura,
E o Cristo avança... É o Dia do Senhor!
[1] Anatole é um historiador romano que, numa de suas obras, afirmava que Pilatos, já velho, não se lembrava do processo desse “tal Jesus”...
[2] Prócula é a esposa de Pilatos, que segundo Mt 27,19, sonhou com Jesus na noite da quinta para a sexta-feira santa.
[3] A Virgem Maria
[4] Refere-se aos judeus e as perseguições contra eles, muitas vezes movidas pelos cristãos.
[5] Refere-se à Cornélia Graco, mãe de Tibério e Caio Graco. Ela viveu no século II antes de Cristo. Seus filhos foram tribunos romanos. Ela teve doze filhos, mas somente lhe restaram os dois, Tibério e Caio, que criou sozinha, pois era viúva. Certa vez, uma rica dama romana mostrava-lhes as jóias. Ela olhou para os filhos e exclamou: “Eis aqui as minhas jóias!” Seus filhos, um após o outro, foram assassinados por tentarem colocar em prática reformas em Roma favorecendo os pobres. Ela os apoiou até o fim e suportou bravamente a morte deles.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013



APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA
EM GUADALUPE - México -1531.


Onde Aconteceu: No México.

Quando: Em 1531.

A quem: A um Índio.



Nossa Senhora de Guadalupe é a protetora das Américas, das vocações, das famílias e dos nascituros.
Todos os escritos narrados sobre as quatro aparições de Nossa Senhora de Guadalupe são inspirados no Nican Mopohua, ou Huei Tlamahuitzoltica, escrito em Nahuatl, a linguagem Azteca, pelo índio erudito Antônio Valeriano em meados do século XVI.
O que se divulga é uma cópia publicada em Nahuatl por Luis Lasso de la Vega em 1649.


As Aparições:

Dez anos depois da tomada da Cidade do México, a guerra chegou ao fim e houve uma paz entre os povos. Desta maneira começou a brotar a fé, o conhecimento do Deus Verdadeiro, por quem nós vivemos. Neste tempo, no ano de mil quinhentos e trinta e um, nos primeiros dias do mês de dezembro, aconteceu que havia um pobre índio, chamado Juan Diego, inicialmente conhecido pelo nome nativo de Cuautitlan. No que diz respeito às coisas espirituais, ele pertencia ao Tlatilolco. 

Era sábado de madrugada, pouco antes do amanhecer, ele estava em seu caminho, a seguir seu culto divino e empenhado em sua tarefa. Ao chegar no topo da montanha conhecida como Tepeyacac, o dia amanhecia e ele ouviu cantos acima da montanha, assemelhando-se a cantos de vários lindos pássaros. De vez em quando, as vozes cessavam e parecia que o monte lhes respondia. O som, muito suave e deleitoso, sobre passava do "coyoltototl" e do "tzinizcan" e de outros pássaros lindos que cantam. Juan Diego parou, olhou e disse para si mesmo:

“Porventura, sou digno do que ouço? Será um sonho? Estou dormindo em pé? Onde estou? Será que estou agora em um paraíso terrestre de que os mais velhos nos falam a respeito? Ou quem sabe estou no céu?”.

Ele estava olhando para o oriente, acima da montanha, de onde vinha o precioso canto celestial e então de repente houve um silêncio. Então, ouviu uma voz por cima da montanha dizendo:

“Juanito, Juan Dieguito.”

Ele com coragem foi onde o estavam chamando, não teve o mínimo de medo, pelo contrário, encorajou-se e subiu a montanha para ver. Quando alcançou o topo, viu uma Senhora, que estava parada e disse-lhe para se aproximar.
Em Sua presença, ele maravilhou-se pela Sua grandeza sobre humana. Seu vestido era radiante como o sol, o penhasco onde estavam Seus pés, penetrado com o brilho, assemelhava-se a uma pulseira de pedras preciosas e a terra cintilava como o arco-íris. As "mezquites", "nopales", e outras ervas daninhas que ali estavam, pareciam como esmeraldas, sua folhagem como turquesas e seus ramos e espinhos brilhavam como ouro.
Ele inclinou-se diante Dela e ouviu Sua palavra, suave e cortês, como alguém que encanta e cativa muito. Ela disse-lhe:

”Juanito, o mais humilde dos meus filhos, onde estás indo?“


Ele respondeu:

Minha Senhora e Menina, eu tenho que chegar à Sua igreja no México, Tlatilolco, para seguir as coisas divinas, que nos dão e ensinam nossos sacerdotes, delegados de Nosso Senhor”.

Ela então lhe disse: 

”Sabe e entende, tu é o mais humilde dos meus filhos. Eu sou a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por quem nós vivemos, do Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Eu desejo que um templo seja construído aqui, rapidamente; então, Eu poderei mostrar todo o meu amor, compaixão, socorro e proteção, porque Eu sou vossa piedosa Mãe e de todos os habitantes desta terra e de todos os outros que me amam, invocam e confiam em mim. Ouço todos os vossos lamentos e remédio todas as vossas misérias, aflições e dores. E para realizar o que a minha clemência pretende, vá ao palácio do Bispo do México e lhe diga que Eu manifesto o meu grande desejo, que aqui neste lugar seja construído um templo para mim. Tu dirás exatamente tudo que viste, admiraste e ouviste. Tem a certeza que ficarei muito agradecida e te recompensarei. Porque Eu te farei muito feliz e digno da minha recompensa, por causa do esforço e fadiga que terás para cumprir o que Eu te ordeno e confio. Observa, tu ouviste minha ordem, meu humilde filho, vai e coloca todo teu esforço.“

Neste ponto ele inclinou-se diante Dela e disse:

“Minha Senhora, Eu estou indo cumprir Tua ordem, agora me despeço de Ti, Teu humilde servo”.

Logo desceu para cumprir sua tarefa e foi em linha reta pela estrada, até a Cidade do México.
Tendo entrado na cidade, sem perder tempo, foi direto ao palácio do Bispo, que chegara recentemente e se chamava Frei Juan de Zumarraga, um religioso Franciscano. Ao chegar, procurou vê-lo, pediu ao criado para anunciá-lo. Esperou muito tempo. Quando entrou, se ajoelhou e disse ao Bispo a mensagem da Nossa Senhora do Céu, bem como tudo que havia visto, escutado e admirado. Mas após ouvir toda a conversa, o Bispo incrédulo disse-lhe:
“Volte depois, meu filho e eu lhe ouvirei com muito prazer. Eu examinarei tudo e pensarei no motivo pelo qual você veio”.

Juan Diego saiu triste, porque sua mensagem não se realizou de forma alguma. 
Retornou no mesmo dia. Foi diretamente ao topo da montanha, encontrou-se com a Senhora do Céu, que o esperava no mesmo lugar, onde tinha aparecido. Vendo-A, prostrou-se diante Dela e disse:

 “Senhora, a Caçulinha de minhas filhas, minha Menina, eu fui onde me mandaste para levar Tua mensagem, como me havias instruído. Ele recebeu-me benevolentemente e ouviu-me atentamente, mas quando respondeu, pareceu-me não acreditar. Ele disse: "Volte depois, meu filho e eu o ouvirei com muito prazer. Examinarei o desejo que você trouxe, da parte da Senhora".

Entendo pelo seu modo de falar, que não acredita em mim e que seja invenção da minha parte, o Teu desejo de construção de um templo neste lugar para Ti. E que isso não é Tua ordem. Por isso eu, encarecidamente Te peço, Senhora e minha Criança, que instrua a alguém mais importante, bem conhecido, respeitado e estimado para que acreditem. Porque eu não sou ninguém, sou um barbantinho, uma escadinha de mão, o fim da cauda, uma folha.
E Tu, minha Criança, a minha filhinha caçula, minha Senhora, envias-me a um lugar onde eu nunca estive! Por favor, perdoa o grande pesar e aborrecimento causado, minha Senhora e meu Tudo.” 
A Virgem Santíssima respondeu: 

”Escuta, meu filho caçula, deves entender que eu tenho vários servos e mensageiros, aos quais Eu posso encarregar de levar a mensagem e executarem o meu desejo, mas eu quero que tu mesmo o faças. Eu fervorosamente imploro, meu caçula, e com severidade Eu ordeno que voltes novamente amanhã ao Bispo. Tu vais em meu Nome e faze saber meu desejo: que ele inicie a construção do templo como Eu pedi. E novamente dize que Eu, pessoalmente, a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus Vivo, te ordenei.“

Juan Diego respondeu:

“Senhora, minha Criança, não deixes que eu Te cause aflição. Alegremente e de bom grado eu irei cumprir Tua ordem. De nenhuma maneira irei falhar e não será penoso o caminho. Irei realizar Teu desejo, mas acho que não serei ouvido, ou se for, não acreditarão. Amanhã ao entardecer, trarei o resultado da Tua mensagem com a resposta do Bispo. Descansa neste meio tempo”.

Ele, então, foi para sua casa. 
No dia seguinte, domingo, antes do amanhecer, ele deixou sua casa e foi direto ao Tlatilolco, para ser instruído em coisas divinas, e em seguida estar presente a tempo para ver o Bispo. Por volta das 10 horas, estando em cima da hora, após participar da Missa e o povo ter dispersado, ele apressadamente se foi.
Pontualmente, Juan Diego foi ao palácio do Bispo. Mal chegou, ansioso já estava para tentar vê-lo. E novamente com muita dificuldade, o Bispo estava à sua frente.
Ajoelhou-se diante de seus pés, entristecidamente e chorando, expôs a ordem de Nossa Senhora do Céu, e que por Deus, acreditasse em sua mensagem, de que o desejo da Imaculada de erguer um templo onde Ela queria, fosse realizado.
 O Bispo para assegurar-se, fez várias perguntas, onde ele A tinha visto e como Ela era. E ele descreveu perfeitamente em detalhes ao Bispo. Apesar da precisa descrição de Sua imagem, e tudo que ele tinha visto e admirado, que em tudo refletia ser a Sempre Virgem Santíssima Mãe do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bispo não deu crédito e disse que somente pela sua súplica, não atenderia o seu pedido, que aliás, um sinal era necessário; só então acreditaria, ser ele enviado pela verdadeira Senhora do Céu.
Após ouvir o Bispo, disse Juan Diego:

 
“Meu senhor, escuta! Qual deve ser o sinal que o senhor quer? Para eu pedir a Senhora do Céu que me enviou aqui”.

O Bispo, vendo que ele ratificava tudo sem duvidar, nem retratar nada, o despediu. Imediatamente, ordenou algumas pessoas de sua casa, e de inteira confiança, para segui-lo e olhar onde ele ia, a quem ele via e falava. E assim foi feito.
Juan Diego veio direto pela estrada. Aqueles que o seguiam, após cruzarem o barranco perto da ponte do Tepeyacac, perderam-no de vista. Eles procuraram por todos os lugares, mas não puderam mais vê-lo. Retornaram com muita raiva, não somente porque estavam aborrecidos, mas também por ficarem impedidos do objetivo. E o que eles informaram ao Bispo, o influenciou a não acreditar em Juan Diego. Eles lhe disseram que foi enganado.
Juan Diego apenas forjou o que veio dizer, e a sua mensagem e pedido não passava simplesmente de um sonho. Eles então arquitetaram um plano, que se ele de alguma forma voltasse, eles o prenderiam e o puniriam com severidade e de tal forma que ele jamais mentiria ou enganaria novamente. 

Entretanto, Juan Diego estava com a Virgem Santíssima, contando-lhe a resposta que trazia do senhor Bispo. A Senhora, após ouvir, disse-lhe:

”Muito bem, meu querido filhinho, retornarás aqui amanhã, então levarás ao Bispo o sinal por ele pedido. Com isso ele irá acreditar em ti, e a este respeito, ele não mais duvidará nem desconfiará de ti, e sabe, meu querido filhinho, Eu te recompensarei pelo teu cuidado, esforço e fadiga gastos em Meu favor. Vai agora. Espero por ti aqui amanhã.”

No outro dia, segunda-feira, quando Juan Diego teria que levar um sinal pelo qual então acreditariam, ele não pôde ir porque, ao chegar em casa, seu tio chamado Juan Bernardino, estava doente e em estado grave.
Primeiro foi chamar um médico que o auxiliou, mas era tarde, e o estado de seu tio era muito grave. Por toda a noite seu tio pediu que, ao amanhecer, ele fosse ao Tlatilolco e chamasse um sacerdote, para prepará-lo e ouvi-lo em confissão, porque certamente sua hora havia chegado, pois não mais levantaria ou melhoraria de sua enfermidade. 

Na terça-feira, antes do amanhecer, Juan Diego ia de sua casa ao Tlatilolco para chamar o sacerdote, e ao aproximar-se da estrada que liga a ladeira ao topo do Tepeyacac, em direção ao oeste onde estava acostumado a passar, disse:
“Se eu seguir adiante, a Senhora estará esperando-me, e eu terei que parar e levar o sinal ao Bispo, como pressuponho. A primeira coisa que devemos fazer apressadamente, é chamar o sacerdote, porque meu pobre tio certamente o espera.
” Então, contornou a montanha, deu várias voltas, de forma que não poderia ser visto por Ela, que pode ver todos os lugares. Mas, ele A viu descer do topo da montanha e estava olhando na direção onde eles anteriormente se encontraram.
Ela aproximou-se dele pelo outro lado da montanha e disse:

”O que há, meu caçula? Onde você esta indo?”


Ele estava afligido, envergonhado, ou assustado? Ele inclinou-se diante dela e A saudou dizendo:

“Minha Criança, a mais meiga de minhas filhas, senhora, Deus permita que estejas contente. Como estás nesta manhã? Estás bem de saúde? Senhora e minha Criança. Vou te causar um pesar. Sabe, minha Criança, um de Teus servos está muito doente, meu tio. Ele contraiu uma peste, e está perto de morrer. Eu estou indo depressa à Tua casa no México para chamar um de Teus sacerdotes, querido pelo Nosso Senhor, para ouvir sua confissão e absolvê-lo, porque desde que nós nascemos, aguardamos o trabalho de nossa morte. De forma que, se eu for, retornarei aqui brevemente, então levarei Tua mensagem. Senhora e minha Criança perdoa-me, sê paciente comigo. Eu não Te enganarei, minha Caçula. Amanhã eu voltarei o mais rápido possível.” 

Depois de ouvir toda a conversa de Juan Diego, a Santíssima Virgem respondeu: 

”Escuta-Me e entende bem, meu caçula, nada deve te amedrontar ou te afligir. Não deixes teu coração perturbado. Não temas esta ou qualquer outra enfermidade, ou angústia. Eu não estou aqui? Quem é tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção? Eu não sou tua saúde? Não estás feliz com o meu abraço? O que mais podes querer? Não temas nem te perturbes com qualquer outra coisa. Não te aflijas por esta enfermidade de teu tio, por causa disso, ele não morrerá agora. Tem a certeza de que ele já está curado.“

 (E então, seu tio foi curado, como mais tarde se soube.) 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013



"Papai Noel e São Nicolau


“Todo mundo AMA o Papai Noel. Ele encarna o elogio do feriado, felicidade, diversão e presentes - quentes aspectos felizes da época do Natal. Como Papai Noel e São Nicolau diferem?

- Papai Noel pertence à infância;
São Nicolau - modelo para toda a vida.

- Papai Noel, como o conhecemos, desenvolvido para impulsionar as vendas de Natal: a mensagem de Natal comercial;
São Nicolau  contou a história de Cristo e paz, boa vontade para com todos, a mensagem de esperança,cheia de Natal.

- Papai Noel incentiva o consumo;
São Nicolau  incentiva a compaixão.

- Papai Noel aparece a cada ano para ser visto e ouvido por um curto período de tempo;
São Nicolau  faz parte da comunhão dos santos, cercando-nos sempre com a oração e exemplo.

- Papai Noel voa através do ar a partir do Pólo Norte;
São Nicolau andou na terra: carinho para aqueles que precisam.

- Papai Noel, para alguns, substitui o Menino de Belém;
São Nicolau, para todos, aponta para o Menino de Belém.

- Papai Noel não é ruim;
São Nicolau  é apenas melhor."

 J. Rosenthal & C. Myers


sexta-feira, 19 de abril de 2013

papel de parede São Jorge


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São Jorge, que é santo da Igreja Católica, traz, porém, um apreço de inúmeras pessoas e grupos que o têm em grande consideração. São Jorge é patrono da Inglaterra, Portugal, Geórgia, Catalunha, Aragão, Lituânia, da cidade de Moscou e de muitos outros locais e entidades. Muito venerado em outros lugares, inclusive em todo o nosso Estado, como dissemos acima. Seu culto, na Igreja, mesmo com poucos dados históricos, e mesmo com as dificuldades encontradas na comprovação das atas de seu sofrimento, remonta ao século V, e com as “cruzadas”, através da “legenda dourada”, o fizeram popular no Ocidente.
É importante e interessante saber o significado e o testemunho que São Jorge é para nós. Para falar um pouco da vida deste santo, eis as seguintes questões: O que é ser santo? Quem foi São Jorge? O que podemos aprender com o seu testemunho de vida?
Santo é todo aquele que nessa vida buscou configurar-se a Nosso Senhor Jesus Cristo por meio de uma vivência cristã, ou seja, soube, em meio às dificuldades, ser fiel a Jesus Cristo e assim deu um bom exemplo de vida: amando a Deus, ao próximo e traduzindo em sua própria existência a mensagem do Evangelho que nos chama a viver no amor, na misericórdia e na justiça. Quando a Igreja testifica e comprova as virtudes de uma pessoa tendo o crivo da ciência, este é declarado Santo. Assim, desta maneira temos os vários santos canonizados pela Igreja. Eles são exemplos de vida cristã para todas as pessoas em todos os tempos. São Jorge é um destes que soube amar a Deus e ao próximo. Porém, de acordo com o Decreto gelasiano (Papa Gelásio I) do século V muitas afirmações teriam que ser comprovadas.
De acordo com alguns documentos, São Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do sudeste da Anatólia que, atualmente, faz parte da Turquia asiática. Quando criança mudou-se para a Palestina com sua mãe após a morte do pai em uma batalha. Chegando à adolescência, Jorge entrou para a carreira militar, na qual logo foi promovido a capitão do exército romano. Devido à sua dedicação e suas várias qualidades recebeu do imperador romano a função de Tribuno Militar.
Nesse período em que São Jorge viveu, entre os séculos III e IV, a Igreja era perseguida pelos imperadores romanos, que nessa época era Diocleciano que tinha estreita colaboração do comandante Maximiano. O Imperador tinha planos de matar todos os cristãos, e num certo dia de reunião marcado para definir o decreto de extermínio dos cristãos, eis que surge a figura de São Jorge declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmando que os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram surpresos com estas palavras, pois ele fazia parte da suprema corte romana. Indagado por um cônsul sobre sua ousadia, São Jorge respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O cônsul pergunta a ele: “o que é a Verdade”. Jorge respondeu-lhe: “A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade”. Depois destas palavras o imperador tentou fazê-lo desistir da fé, torturando-o de vários modos. Após cada tortura era levado ao imperador que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Contudo, Jorge sempre confirmava a sua fé em Jesus Cristo. Finalmente, o imperador Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia (Ásia Menor). A sua morte e martírio aparecem nas principais línguas antigas: grego, latim, copta, siríaco, etíope e turco.
Os restos mortais de São Jorge foram transladados para Lida (ou Lod, antiga Dióspolis)que é uma cidade da região da atual Israel e foi onde teria residido sua mãe. Aí ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer um suntuoso oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente. Dessa maneira foi propagada a sua devoção por meio do seu belo testemunho de seguidor de Jesus e homem que deu a sua própria vida por Aquele que é a Suprema Verdade.
Aprendamos com São Jorge a ter este mesmo zelo e amor por Nosso Senhor Jesus Cristo e não nos calarmos diante das injustiças que saltam aos nossos olhos, mas, ter a coragem necessária para denunciar e fazer o melhor para Deus e para o bem do próximo. A Igreja sempre sofreu perseguições no decorrer de sua história. São Jorge é um exemplo de fortaleza de um guerreiro na constância da fé, e nos dá o exemplo de coragem para enfrentarmos as dificuldades que hoje nós temos por sermos cristãos e católicos.
Neste dia em que milhares de pessoas se deslocam até as igrejas e capelas de São Jorge, para manifestar seu carinho e a busca de ver nesse homem de Deus um grande exemplo de vida e um intercessor junto a Deus, contemplemos a todos com os olhos da fé e oremos para que todos busquem a vida nova em Cristo experimentando a alegria do seguimento do Senhor colocando em prática o Evangelho: é o novo dia brotado na Páscoa do Senhor!
Peçamos que, a exemplo de São Jorge, possamos lutar contra o dragão do mal para sermos vencedores nesta batalha contra os questionamentos da nossa fé. Que com a mesma coragem professemos esta nossa fé neste tempo de tantas questões e problemas e que com o coração aberto vivamos como irmãos e irmãs que em Cristo se amam. E que, pela intercessão de São Jorge, possam recair sobre as nossas vidas muitas bênçãos de Deus!
São Jorge! Rogai por nós!

Orani João Tempesta, O.Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sagrada Família